Depois
de dois anos de trabalho, R$ 26,2 milhões investidos
e muita expectativa, o Theatro Municipal de São Paulo
passa por mais um momento histórico em sua trajetória
de exatos 100 anos. Trata-se da sua terceira reinauguração
para o público.
O Theatro
abriu as portas pela primeira
vez para receber o C40 Summit. O encontro, realizado no dia
1º de junho, contou com a presença de Gilberto
Kassab e Michael Bloomberg, prefeitos de São Paulo
e Nova Iorque.
Theatro Municipal de São Paulo
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O teatro
possui uma arquitetura
notável que inspirou concertos memoráveis,
exposições revolucionárias e apresentações
de arrepiar. No Salão Nobre, o visitante encontrará bustos,
detalhes em bronze, colunas neoclássicas, cristais
e paredes decoradas. Tudo exatamente como em 1911, quando
o prédio era sinônimo de glamour.
Tapete vermelho realça detalhes
e dá vida ao hall do teatro Foto: Sylvia Masini
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Hall de entrada do Theatro Municipal
de São Paulo, na Praça Ramos de Azevedo
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Interior do Theatro Municipal de São
Paulo, na Praça Ramos de Azevedo
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O palco que
já recebeu nomes como Heitor Villa-Lobos,
hoje se diz pronto para expor o que há de melhor
no cenário cultural.
“Buscamos resgatar todas as características
originais do edifício. Trabalhamos para deixá-lo
o mais parecido possível com aquele complexo de
1911”, afirma a diretora administrativa do Theatro
Municipal, Beatriz Franco do Amaral.
A executiva revela que o palco do teatro foi o único
espaço que recebeu toques de modernização,
justamente para se adequar às novas demandas de
escolas de dança e orquestras. “A tecnologia
que implantamos poderá ser usada para os próximos
20 anos”, garante ela.
Hall de entrada surpreende pela riqueza
de cores Foto: Sylvia Masini
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Theatro Municipal de São Paulo
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As entradas do complexo foram revitalizadas
Foto: Fátima Gilbert
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Novo balcão e espelhos, projeto
dos irmãos Campana
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Salão Nobre no piso superior do
Theatro Municipal de São Paulo
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Hall do salão social do Theatro
Municipal de São Paulo
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Detalhe da porta do salão social
do Theatro Municipal de São Paulo
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Detalhe de coluna do salão social
do Theatro Municipal de São Paulo
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Theatro Municipall de São Paulo
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Após quase três anos em
reforma, o Theatro Municipal abriu as portas ao público
pela primeira vez para receber o C40 Summit
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E quem vai testar as inovações é nada
menos que a Orquestra Sinfônica Municipal, que ao
lado do Coral Lírico e do Quarteto de Cordas da
Cidade de São Paulo, faz a estreia da nova estrutura. “Nesses
dois anos, a cidade sentiu muita falta do teatro. O carinho
da população foi retratada pelos inúmeros
e-mails que recebemos. Para se ter uma ideia, tem gente
que virá de outros estados para recepcionar o nosso
teatro. É um orgulho pra nós devolvê-lo
nas condições que está agora”,
conta Beatriz, claramente satisfeita com o trabalho desenvolvido
pelos cerca de 100 profissionais envolvidos na revitalização.
São especialistas que direcionaram esforços
no restauro de paredes, vitrais, fizeram a limpeza de bronze
e metais, entre outros. O caso mais interessante são
dos assentos do complexo, que voltaram a receber tecido
vermelho.
Parte interna do Theatro Municipal de
São Paulo após a reforma (Foto: Daigo Oliva/G1/Divulgação)
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Platéia do Theatro Municipal de São
Paulo
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Platéia superior do Theatro Municipal
de São Paulo
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Palco passou por processo de modernização
para melhorar acústica, cenário e iluminação
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Porta de entrada do camarote principal
do Theatro Municipal de São Paulo
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Lustre do teto do do Theatro Municipal
de São Paulo
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“Em uma das reformas do teatro, foram colocados
tecidos verde, e nessa remodelação decidimos
retomar ao design original. Enviamos as cadeiras para Curitiba,
onde foram restauradas. Elas voltaram para nós com
o tom original da madeira, aquele de 1911. Os rangidos,
principal reclamação dos músicos,
não existem mais também. Fora isso, trocamos
o estofado de espuma, que tirava parte a acústica
do local. Agora elas são feitas em monobloco, uma
técnica que injeta espuma na estrutura”, explica
Beatriz Amaral.
As crônicas e fotos da época ajudaram a equipe
a planejar um café, que foi construído sob
uma laje, feita na década de 1980.
A principal novidade da reinauguração funcionará,
em um primeiro momento, de acordo com a demanda, mas terá menu
de almoço, além de doces, salgados, lanches
sucos e refrigerantes. “O café do Theatro
Municipal era o lugar mais atraente da cidade. Queremos
que a população usufrua, por exemplo, de
um tradicional chá da tarde. Com o tempo isso voltará a
acontecer, tenho certeza”, acredita ela. Nas óperas
de longa duração, a diretora adianta que
será servido jantar, com direito a garçons
e ticket de reserva de mesa.
Escultura na varanda externa do Theatro
Municipal de São Paulol
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Vitral do Theatro Municipal de São
Paulo, na Praça Ramos de Azevedo,
São Paulo
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Theatro Municiapl de São Paulo
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Sacada do Theatro Municipal de São
Paulo
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Detalhe da decoração
do restaurante do Theatro Municipal Foto: Fátima
Gilbert
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Vale ressaltar que toda a reforma foi capitaneada
pelas arquitetas Lilian Jaha e Rafaela Bernardes, com
o aval
do secretário da Cultura, Carlos Augusto Calil.
Ao comentar sobre os bastidores, Beatriz esbanja confiança. “Sabíamos
que tudo daria certo. Tivemos um período de pesquisa
muito importante. O resto foi execução. Estamos
prontos para viver mais 100 anos."
Theatro Municiapl de São Paulo
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Pinturas de teto também receberam
atenção especial Foto: Fátima
Gilbert
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As pinturas foram recuperadas, assim
como os frisos,
que estão recobertos de folhas de ouro
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Ao todo, 487 portas foram reformadas
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História
Em
12 de setembro de 1911, um sonho foi realizado. A cidade
de São Paulo ganhara, finalmente, um teatro municipal.
Mas não era qualquer teatro, e sim um centro cultural
que, na época, arrancou aplausos de todos, dos
amantes aos críticos de arte, dos paulistanos
e também dos turistas. A arquitetura ousada, inspirada
nos movimentos renascentista e barroco, posicionaram
o Theatro Municipal como um dos principais edifícios
do gênero no país.
Jardim do Theatro Municipal de São
Paulo em 1911. Arquivo/AE
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Era
um desejo antigo da população, que desde
1898 estava órfão de um grande complexo cultural.
O Teatro São José, na Praça João
Mendes, era o ponto de encontro da época, mas foi
vítima de um incêndio que destruiu não
só sua estrutura, mas também o desejo dos
paulistanos de conferirem importantes manifestações
artísticas. Não se tratava apenas de cultura,
e sim de glamour, de integração com o alto
escalão da cidade. Da sensação de
ter um passatempo até então desfrutado com
requinte apenas no continente europeu.
Theatro Municiapl de São Paulo
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Da
apresentação de Hamlet, de Ambroise Thomas,
em sua estreia, à fatídica Semana de Arte
Moderna de 1922, o Theatro Municipal se destacava em meio
a uma região gloriosa, repleta de atrativos, como
a Catedral Metropolitana (Praça da Sé) e
a Estação da Luz. O tempo passou, as visões
de mundo mudaram, mas o teatro seguiu como principal casa
de espetáculos da cidade. A fama do espaço
correu o mundo, incentivando artistas renomados a cravaram
seu nome na programação - e a pessoas se
enfileirarem em busca de ingressos. É neste momento
que São Paulo passa a fazer parte do calendário
de cultura do mundo.
As reformas
Veio
então a primeira grande reformulação
do teatro, em 1952. Após dois anos de recesso, o
Theatro Municipal reinaugurou e mostrou à cidade
uma faceta moderna, fruto da aparente necessidade de evolução
que reinava na sociedade. Em meados de 1981, o Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico tombou o
Theatro Municipal, tornando-o parte do Patrimônio
Histórico do estado. O título rendeu, quatro
anos mais tarde, mais uma revitalização,
desta vez com o foco exatamente inverso. A ideia de resgatar
as origens do teatro perdurou por três anos, até que,
em 1988, a população pode rever a fachada
que há 77 anos arrancava suspiros de quem passasse
pela região.
Theatro Municipal de São Paulo
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Degradação
do centro
A execução
do projeto agradou, mas perdeu parte de sua importância
pelo mau momento vivido pelo centro da cidade. Os prédios
históricos
da região foram esquecidos na mesma velocidade que
o local se transformou em um ponto perigoso, tomado por
traficantes de drogas, viciados, prostitutas e indigentes.
O que era para ser uma sala de visitas se transformou no
terreno dos fundos.
Os
imóveis estavam sem condições
de uso, o comércio passou a sobreviver da venda
de produtos piratas e a administração pública,
na tentativa de solucionar outros problemas, construiu
viadutos, calçadões e instalou famílias
sem-teto em prédios abandonados. Nada adiantou,
e o pior: as ações desvalorizaram ainda mais
a região.
Theatro Municipal de São Paulo
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Projeto
de revitalização
Nos últimos
anos, porém, os governos da capital
e do estado trabalham para recuperar monumentos do centro.
A Estação da Luz, a Pinacoteca e a Sala São
Paulo já passaram por este processo, apesar de conviverem
ainda com o pobre reduto da região. A Cracolândia,
tomada por usuários e traficantes de drogas, será desapropriada
e suas construções demolidas. Os dez quarteirões
de área serão leiloados a empresas. Já a área
do Theatro Municipal ganhará o reforço de
um projeto audacioso, chamado “Praça das Artes”.
A prefeitura trabalha no plano desde 2006 para transformar
30 mil metros quadrados em uma espécie de núcleo
cultural. A construção será entre
a avenida São João e as ruas Conselheiro
Crispiniano e Formosa. Salas de ensaio, de aulas, cafés,
restaurante e até um cinema farão parte do
local.
É
o que falta para a maior estrela da cidade voltar a brilhar,
desta vez ao lado de outras constelações.
Detalhe do órgão instalado
nas laterais do palco do Theatro Municipal
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Escultura externa Theatro Municipal
SP
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Números
da última
reforma do Theatro Municipal:
-
14.262 pedaços de vidro dos vitrais recuperados
- 487 portas restauradas
- 74 cortinas trocadas
- 2,5 mil maçanetas e ferragens trocadas
- 1 mil metros quadrados de novos carpetes e
passadeiras
- 1.595 poltronas e cadeiras tiveram o estofado
verde substituído pelo vermelho
- 1.114 quilos de latão foram usados na decoração
do restaurante
- 336 ornamentos externos foram renovados
- 50 quilômetros de fiação foram
trocados
Vista panorâmica da Praça
Ramos de Azevedo rodeada pelos prédio do Teatro
Municipal, Shopping Center Light, antigo Hotel Esplanada
(atual grupo Votorantim) e Viaduto do Chá. São
Paulo-SP, 04/05/2011. Foto: Roger H. Sassaki
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Theatro Municipal de São Paulo
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Próximas atrações:
Junho
Dia 17 – Orquestra Sinfônica Municipal
e Coral Paulistano
Dia 19 – Orquestra Experimental de Repertório
Dia 24 e 26 – Orquestra Sinfônica Municipal
Dia 29 – Ensemble Café Zimmermann
Julho
Dia 1º - Quarteto de Cordas da Cidade de São
Paulo
Dia 2 – Ballet Stagium
Dia 7 – Balé da Cidade de São
Paulo
Dia 12 – Companhia Teatro/Dança Ivaldo
Bertazzo
Dias 15 e 16 – Compagnie Philippe Genty
Dias 20 e 21 - São Paulo Companhia de Dança
Dias 23 e 24 – Cisne Negro
Dias 25 e 26 – Golden Stars XXX Enda
Dia 31 – Orquestra Experimental de Repertório
Serviço:
Theatro Municipal de São Paulo
Onde: Praça Ramos de Azevedo, s/nº
Tel.: (11) 3397-0300
Bilheteria: (11) 3397-0327