É
um nível de atividade mantido por poucos de seus pares
de "classic rock", exceto talvez Bruce Springsteen
e Neil Young. O motivo para isto, diz McCartney, é
simples.
"Eu
realmente gosto do que faço. E com freqüência
eu me sinto inspirado. Eu nunca sei por que ou como."
Mais recentemente,
reconhece McCartney, o trabalho também teve outro propósito.
"Eu
acho que uma das grandes coisas é que a música
é um grande remédio, uma ótima terapia.
Freqüentemente, quando você passa por um momento
difícil - como você pode imaginar, sem que eu
precise falar muito a respeito, este último ano foi
bastante difíci l- poder se envolver com sua música
é ótimo."

Paul and
Linda at the George V hotel in Paris, November 1973.
"Logo,
acho que estou bastante feliz por nos últimos dois
anos poder ter contado com minha música e ter lançado
material que parece significar algo."
Ao falar
sobre seu "ano difícil", é claro,
McCartney se refere ao seu divórcio pendente com sua
segunda mulher, Heather Mills. A separação amarga
do casal se desenrolou na imprensa de fofoca com alegações
brutais de abuso por parte de Mills e rumores de acordos imensos,
de nove dígitos. A situação é
"algo de que não quero falar", diz McCartney,
principalmente por envolver a filha de 4 anos do casal, Beatrice,
sua quarta.
"Eu
não quero agitar as coisas em qualquer direção.
Eu apenas mantenho um silêncio digno."
Mas McCartney
reconhece que a situação está ajudando
a extrair música de dentro dele.
"É
o motivo para eu dizer "terapia". Você está
se sentindo mal, então você se recolhe em um
canto com seu violão e compõe algo, e de alguma
forma você parece conseguir conduzir a si mesmo em meio
à situação e resolver a coisa com sua
música."

Wings rewarded
for Band On The Run.
"Parece
que ainda consigo sair disto positivo e otimista. Eu acho
que é o meu caráter, de forma que agradeço
aos céus por isso. Eu me sinto muito, muito abençoado.
As pessoas sempre costumam chamar de dádiva, a dádiva
da música, e acho que, cada vez mais, é a forma
como eu vejo."
Este período
também viu McCartney experimentando coisas novas em
sua música e em torno dela. Para "Memory Almost
Full" ele deixou sua antiga gravadora, a EMI, e assinou
com a Hear Music, o selo da rede de cafés Starbucks.
Além das indicações ao Grammy, incluindo
melhor álbum vocal pop, o álbum estreou em 3º
lugar da parada da Billboard e foi popular o suficiente para
gerar uma edição de luxo com faixas adicionais
e vídeos, lançada cinco meses depois.
Se seu
relacionamento com a Hear continuará é algo
que está no ar, diz McCartney, mas ele acrescenta que
está "realmente contente" com a forma como
"Memory Almost Full" foi tratado.
"Eles
demonstraram uma paixão que freqüentemente falta
na indústria musical", diz o cantor/compositor.
"Eles estavam com a cabeça no lugar certo. Eles
sabiam o que estavam fazendo enquanto outros estavam se debatendo,
e acho que realmente foi um grande despertar neste ano para
muita gente na indústria musical, que agora está
ocupada botando ordem em suas casas."
Assim
como não ficou incomodado por estar associado a uma
rede de cafés.
"É
um ponto de vendas", diz McCartney. "É uma
forma de levar a música até as pessoas e nunca
me importei que fosse por uma loja de discos, que fosse online,
que fosse por correio. Foi um verdadeiro prazer trabalhar
com eles e vamos ver o que acontecerá com o próximo
projeto."

Paul McCartney
and Dustin Hoffman
Quanto
a "The McCartney Years", aquilo foi uma espécie
de surpresa. Apesar dos freqüentes pedidos, diz McCartney,
ele nunca abraçou a idéia de uma coleção
de vídeos.
"É
um pouco como um livro de memórias. É algo como,
existe um ponto certo? Você quer esperar até
estar quase (...) Bem, eu ainda não terminei, mas existe
material suficiente para fazer uma coletânea. Então
sempre reagi um pouco assim, 'Um dia, ok, eu farei uma. Não
se preocupe, lançaremos uma'."

"The
McCartney Years", do qual o cantor/compositor foi produtor
executivo e gravou as faixas de comentário, foi na
verdade uma idéia de dois homens, o diretor Dick Carruthers
e o consultor de produção Ray Still, que apresentaram
sua proposta para McCartney juntamente com algum material
que retrabalharam e melhoraram, tanto visual quanto sonoramente.
"Eles
começaram a me mostrar os resultados e foi algo como:
'Nossa, nunca ouvi desta forma, eu nunca vi desta forma'",
lembra McCartney. "Todas as cores foram restauradas e
eles limparam as mixagens de som (...) Eu fiquei fascinado
com tudo. Eu me interessei pela idéia."
"Então
eu disse: 'Vamos nessa, pessoal'. Eu em grande parte apenas
aprovei, sorri e admirei o que estavam fazendo."

Paul
and Linda take advantage of sunny skies in the Caribbean.
As partes
mais tocantes, diz McCartney, foram as cenas que incluíam
sua primeira mulher, Linda, que morreu em 1998 de câncer
de mama. Ele também apontou para algumas imagens dele
sentado no pátio dos fundos dos famosos estúdios
Abbey Road da EMI, em Londres, tocando algumas de seus rocks
antigos favoritos.

Paul McCartney
& Linda McCartney
"É
como um velho álbum de fotos, olhar para as imagens
de você mesmo de muitos anos atrás", diz
o cantor/compositor. "Eu acho que tem uma qualidade afetuosa
no final."
"The
McCartney Years" não é a única visita
recente ao seu passado. O há muito aguardado lançamento
do catálogo dos Beatles para venda online "acontecerá
em breve", diz McCartney, provavelmente em 2008.
"Está
sendo negociado. A maioria de nós já acertou
tudo. A coisa toda está pronta, de forma que não
deverá demorar muito. Mas, você sabe, é
preciso fazer estas coisas direito. Você não
deseja fazer algo tão legal como isso e, três
anos depois, pensar 'Meu Deus, por que fizemos aquilo?'"
O futuro
também está na mente de McCartney. Ele ainda
não sabe ao certo qual será seu próximo
projeto, mas enquanto isso ele começou a trabalhar
em estúdio com seu filho James, que tocou guitarra
no álbum "Flaming Pie" (1997) e percussão
em "Driving Rain" (2001) de McCartney, assim como
também apareceu em "Wide Prairie" (1998),
o álbum solo póstumo de Linda McCartney. O McCartney
mais jovem também apareceu em duas gravações
da Saint John's Episcopal Cathedral Choir.

James
McCartney and Stella McCartney
"É
sensacional", diz McCartney. "Ele está fazendo
tudo. Está compondo tudo, tocando tudo. Mas ainda não
há nada definido. Nós não sabemos se
funcionará (...) Mas, você nunca sabe, algo pode
resultar disto."
Se resultar,
o pai orgulhoso poderá não caber na sala de
controle do estúdio.
"Eles
vão ter que me manter do lado de fora em uma tenda
grande", diz McCartney rindo. "Eu estou realmente
adorando."