O musical
nasceu no Greenwich Village em 1967 e explodiu na Broadway
um ano depois. Sem uma trama real, representava o nascimento
da contracultura nos anos 60 e 70 através do rock e
da dança. No repertório drogas, poluição,
racismo, Vietnã, astronautas, astrologia, Shakespeare,
sexo e, claro, cabelos.
Quarenta
anos depois o musical volta a Broadway. Apesar da idade, “Hair”
continua jovem. As guerras de hoje estão em outro lugar.
Drogas,
sexo e até cabelos, nunca deixaram de ser assunto,
e ainda sonhamos com um mundo em paz .
Atualmente
filas imensas dobram o quarteirão da Rua 45 e lotam
a fachada psicodélica do Teatro Al Hirschfeld na Broadway.
“Let the sun shine in!” É a volta de Hair.
O retorno com sucesso inesperado, já que para muitos
a temática pode parecer antiquada, pegou a todos de
surpresa. O auge do movimento hippie versando sobre amor,
resistência pacífica e praticando a nudez coletiva
em boa parte das cenas enquanto “a Lua entra na sétima
casa e Júpiter se alinha com Marte” segundo profetiza
a música tema. Em paz imperaria aí a Era de
Aquário.
Censurado
em muitos países pela mensagem antibelicista, pela
primeira vez na história do teatro contemporâneo
a nudez é tratada no ambiente social, sem qualquer
conotação sexual pregando a volta a valores
simples.
Os personagens
nadam, brincam e se divertem com naturalidade totalmente nus
em várias cenas. Em 1979, o “Hair” se transformaria
em filme na versão do premiado diretor Milos Forman.
No Brasil,
a peça estreou em 1969 em plena ditadura e passado
um ano do famigerado Ato Institucional nº5, o musical
chamou a atenção dos censores ávidos
por limitar as cenas de nudez e protesto, mesmo assim foi
encenada com sucesso e revelou artistas como Armando Bogus
e Sônia Braga: “a tigresa de unhas negras e íris
cor de mel que trabalhou no Hair” transportada para
os versos da famosa música composta por Caetano Veloso.
Há
quem diga na atualidade que o sucesso do musical se deve à
nova sobriedade com que o povo americano da era Obama, golpeado
por uma crise econômica visceral, se volta a hábitos
simples depois de séculos de excesso consumista e profunda
prepotência.
Hoje,
apesar da contracultura da época ter se transformado
em cultura oficial massificada e a maioria dos hippies abandonarem
seus hábitos para se tornar yuppies engravatados e
bem-sucedidos perfeitamente absorvidos pelo sistema, nem por
isso o “Hair” perdeu no contexto atual a capacidade
de polemizar com a possibilidade de se sonhar com harmonia
entre os povos. As guerras continuam presentes por aí
para provar essa afirmação.
Hair - Broadway 2009
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O musical
ainda reserva encantos radicais como amor à humanidade
e uma mensagem constantemente imbuída de tolerância,
muito próximo do que prega o cristianismo.
"Eu
perguntava a mim mesma, 'Por que Hair? Por que agora?",
disse a produtora Elizabeth Ireland McCann. "A alegria
e a esperança de um mundo melhor, retratadas em Hair,
estão conosco hoje. Estes sentimentos certamente ecoaram
numa explosão supersônica quando a América
foi às urnas e elegeu Barack Obama", acrescentou.
1968:
"Hair" estréia na Broadway
No dia
29 de abril de 1968, "Hair" estreou em Nova York.
Pela sua exaltação à cultura hippie,
acabou se tornando símbolo de uma geração
e modelo para o movimento de protesto contra o racismo e a
Guerra no Vietnã.
O primeiro
grande musical de rock e a música Aquarius correram
o mundo no final da década de 60, depois da estréia
de Hair no Biltmore Theater, da Broadway, em Nova York.
A ousadia
da peça fez com que rapidamente fosse aclamada como
brilhante pelos críticos. Clive Barnes, do New York
Times, escreveu tratar-se "da primeira peça na
Broadway que fala a linguagem contemporânea e não
de antigamente".
Tom O'Horgan,
diretor da peça, admitiu que "uma idéia
destas só se tem uma vez na vida. Trata-se de uma obra
cujos diálogos, a música, a dança, inclusive
o título, tudo representa com detalhes um fenômeno
social real."
Um
musical sem enredo fixo
Hair foi
concebida por dois atores desempregados: Gerome Ragni e James
Rado queriam levar ao palco uma peça contemporânea
que tratasse de experiências da vida real. Depois de
muita procura, conseguiram engajar o compositor Galt MacDermott,
que com quase 40 anos já era "velho" para
a proposta do musical.
Cast members of the Broadway revival production
of "Hair" take their opening night curtain call
bows at the Al Hirschfeld theatre in New York on March 31,
2009. (UPI Photo/Ezio Petersen)
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O enredo
trata dos jovens George Bergere, Claude Berkowsky e seu grupo
de amigos. George acaba de ser expulso da escola e Claude
está prestes a iniciar o serviço militar. O
peculiar da peça é que seu ator abdicou de um
roteiro fixo. A cada apresentação, os diálogos
entre os personagens eram livres e, conseqüentemente,
diferentes.
Apesar
de muitas censuras e proibições (principalmente
no exterior), Hair foi um enorme sucesso de público,
sendo apresentado 1.750 vezes no Biltmore Theatre, até
1º de julho de 1972. Em 1970, a banda Fifth Dimension
ganhou o Grammy da melhor canção do ano com
Aquarius (Let the Sunshine In), que compôs a trilha
sonora do musical.
Peça
mudou modo de pensar e moral
Em países
como Alemanha, Israel, Suécia, França, Inglaterra,
Austrália e Japão, foram levadas iniciativas
próprias aos palcos. Anos mais tarde, alguns dos intérpretes
se tornaram grandes estrelas, como Diane Keaton, nos Estados
Unidos, e Donna Summer, na Alemanha. Depois, o musical ganhou
as telas dos cinemas através de Milos Forman.
O musical
deixou rastros em todo o mundo, conforme escreveu David Richards
no New York Times, por ocasião dos 25 anos de estréia
da peça: "Hair mudou o pensamento político
e os valores morais. Mesmo assim, a Broadway nunca mais aceitou
um musical de rock semelhante, até certo ponto devido
à pressão dos conservadores. Hoje em dia, a
expressão flower power é muito mais usada pelos
floristas que por uma geração de protesto."
Os anos
60 marcaram a rebelião da juventude em vários
aspectos. Era a vez dos jovens que, influenciados pelas idéias
de liberdade, começavam a se opor à sociedade
de consumo vigente. O movimento, que nos anos 50 vivia recluso
em bares nos EUA, passou para as ruas nos anos 60 e influenciou
novas mudanças de comportamento jovem, como a contracultura
e o pacifismo do final da década.
O teatro em tempos de crise econômica deu uma reviravolta
interessante, com espetáculos mais subversivos e politizados.
Hair - Broadway 2009
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A bela
adormecida. Essa é a imagem cunhada pelos principais
críticos de teatro, diretores, produtores e atores
que fazem de Nova York talvez o maior palco do teatro comercial
do planeta para definir a Broadway em termos de crise. Menos
por conta da ingenuidade da personagem da Disney — há
décadas a senhora absoluta da Times Square —
e mais pelo choque de realidade, a Broadway dos anos Obama
parece ter acordado para o mundo que a cerca. A temporada,
que tem seu ato final neste domingo com a premiação
do Tony, foi marcada por espetáculos surpreendentes
que giraramemtorno de temas subversivos, incômodos e
inteligentes, opostos exatos ao escapismo fácil que
tomou conta de Hollywood no mesmo período.
Tome-se
por exemplo o soturno “Hair” criado por Diane
Paulus, uma diretora celebrada pela adaptação
disco de “Sonhos de uma Noite de Verão”,
durante seis anos atração obrigatória
no circuito alternativo da cidade.
A última
cena de “Hair” traz o protagonista imolado, sobre
a bandeira tricolor, enquanto se ouve, sem a graça
hippie presente no filme de Milos Forman, a trupe entoar “Let
the Sushine In” a capella. Ao voltar a 1967, ano em
que a peça foi encenada pela primeira vez, inaugurando
o Public Theater, Diane Paulus não deparou “com
um mundo hippie-happy”.
“Não,
aquele era um momento tenso, divisor de águas. Não
era fácil para os jovens”, diz.
Daí
a decisão de centrar fogo na história de Claude,
filho de imigrantes que busca desesperadamente o significado
de ser americano. “Ele se pergunta se ser patriota é
acreditar nos ideais americanos, na liberdade que pressupõe
a crítica aos governantes de seu país, ou se
esse sentimento tão fundamental para quem vive aqui
se traduz em vestir um uniforme e pegar em armas por seu país”,
comenta Diane.
O conflito
interno do jovem de cabeleira loura é, na visão
da diretora, a encruzilhada emque se vê a própria
América do século XXI. E o sacrifício
de Claude (vivido na peça pelo ótimo Gavin Creel,
indicado para o Tony de melhor ator) é das cenas mais
fortes de uma temporada intensa nos teatros nova-iorquinos.
Hair - Broadway 2009
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“É
intenso sim. Mas belo também. Queria que esse lado
da história de ‘Hair’ fosse revelado. A
gente imagina ‘Let the Sunshine In’ como algo
para cima, um mantra hippie. No filme, há a referência
à highway, à liberdade ianque. Mas para mim
é o oposto. Trata-se de um grito desesperado por um
mundo novo. É a tribo de jovens sentindo que perdeu
Claude, morto em uma terra distante. É um grito gutural,
de dor, por Claude, mas também é uma visão
de um futuro de morte e guerras.”
Nos últimos
três meses, os reis leões, as mamma mias e as
mary poppins receberam a companhia — e com casa cheia
— de seres nascidos da imaginação de Ionesco,
David Mamet, Samuel Beckett ou Yasmina Reza. E também
de musicais oriundos ou aparentados ao cinema, mas distantes
do pedigree Disney, como “Hair”, “West Side
Story” e, acima de todos, “Billy Elliot”.
Com 15 indicações para o Tony, o espetáculo,
sucesso de público e crítica na Inglaterra e
na Austrália, traz a depressão econômica
do thatcherismo para a sala de jantar da Nova York pós-colapso
deWall Street. Não há herói mais exato,
em tempos de vilões como Bernard Maddoff, do que o
bailarino filho de operários da quase defunta indústria
do carvão vivido no palco pelos talentosíssimos
David Alvarez, Trent Kowalik e Kiril Kulish.
Foi, também,
uma temporada com estrelas para todos os lados, com William
H. Macy (“Fargo”) em “Speed-the-Plow”,
de Mamet, Jane Fonda como uma doente terminal bailando com
o fantasma de Beethoven em “33 Variations”, Susan
Sarandon e Geoffrey Rush em “Exit the King”, de
Ionesco, James Gandolfini (“Família Soprano”),
Jeff Daniels (“A Era do Rádio”), Hope Davis
(“Synecdoche, Nova York”) e Marcia Gay Haden (“Pollock”)
destilando humor negro na comédia sensação
da temporada, “God of Carnage”, deYasmina Reza,
Daniel Radcliffe (“Harry Potter”) nu em “Equus”,
Nathan Lane (“Os Produtores”) visitando “Esperando
Godot” e, sim, Will Ferrell (“Mais Estranho Que
a Ficção”) enterrando de vez George W.
Bush com seu cáustico “A Final Night”.
E ainda há uma rendição estelar de “Mary
Stuart”, de Schiller, a estreia de Neil LaBute nos palcos
da Broadway e o tão impressionante quanto improvável
“Next to Normal”.
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“O
resultado é que neste domingo os eleitores do Tony
terão uma tarefa dificílima, algo que não
acontecia havia décadas”, afirma, entusiasmado,
o crítico Ben Brantley, do “The New York Times”.
Em uma
temporada que também quebrou recordes históricos
de bilheteria — um total, até esta semana, de
US$ 943,3 milhões em ingressos para 43 espetáculos
—, “Hair” foi o precursor de uma onda “cabeça”
que tomou conta dos palcos de Manhattan.
Apresentado
no verão de 2008 no Central Park, muitos duvidavam
que o revival chegaria à Broadway, inclusive os patrocinadores
originais, que deixaram de apoiar um dos hits de 2009. “Havia
uma ansiedade no ar. Era como se a gente quase tivesse se
esquecido de como seria o país se a mudança
viesse”, diz Diane Paulus.
“Hair”
se alimentou dessa energia como poucos na Broadway. “E
agora o espetáculo, com Obama no poder, se transformou
em algo diferente. A celebração que ocorre ao
fim de duas horas, com a plateia dividindo o palco com os
atores, vem dessa certeza de que você, o público,
pode ser o agente transformador”, acrescenta a diretora.
Hair - Broadway 2009
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Nada mais
próximo da liturgia obâmica. E Paulus, que acaba
de assumir a direção do prestigioso American
Repertory Theatre, em Cambridge, e é fã ardorosa
do trabalho do diretor Augusto Boal, concede que Let the Sunshine
In contém um suspiro de esperança. Esta talvez,
arrisca, seja a senha para se entender o momento rico pelo
qual passa a Broadway. Realismo doído com esperança
pé-no-chão. “Havia um sentimento fúnebre,
com a crise econômica, as pessoas perguntando: com a
queda de Wall Street, há lugar para a Broadway tal
qual a conhecemos? Que espaço há para o teatro
nova-iorquino nessa realidade? Procuramos então transmutar
um produto de luxo para algo mais essencial na vida em comunidade.
As pessoas querem refletir sobre o que estamos passando, e
querem fazer isso irmanados”, diz Paulus.
Em uma
sociedade cada vez mais poluída por aparatos eletrônicos
e espaços na internet que parecem celebrar uma das
características mais emblemáticas do imaginário
norte-americano, o individualismo libertário, a eleição
de um líder comunitário à moda antiga,
embora alavancado à presidência por milhares
de doadores anônimos reunidos de modo virtual em comunidades
eletrônicas, parece ter despertado no cidadão
– vá lá, no público – o desejo
de comunhão cantado por Paulus em prosa e patchulí.
De certa forma, Barack e Michelle Obama sintetizaram este
momento cultural ao prestigiarem, no fim de semana passado,
outro dos espetáculos mais fortes da temporada, Joe
Turner’s Come And Gone, de August Wilson, um dos mais
influentes dramaturgos de origem negra do teatro contemporâneo
norte-americano, falecido há quatro anos.
Segundo
capítulo de sua enciclopédica seqüência
de dez peças sobre a vida do negro norte-americano
após o fim da escravidão, Joe Turner, indicado
para o Tony de melhor re-encenação, é
um exercício sobre a migração forçada
e a busca da identidade cultural e étnica no centro
econômico do planeta. Inseridos de forma confortável
na sociedade de espetáculo norte-americana do século
XXI, os Obama chegaram de limusine ao Lincoln Center, foram
aplaudidos de pé por 10 minutos e levaram fãs
a manifestações de tietagem e desespero beatlemaníacas.
No dia
seguinte, a direita imediatamente lembrou que, em tempos de
recessão, a imagem de um presidente conduzindo a primeira-dama
– foi ‘promessa de campanha’, dizia um sorridente
Barack – com toda pompa por uma noite que incluiu ainda
um jantar em um restaurante especializado em produtos orgânicos
era um luxo que desafiava o bolso e a paciência dos
eleitores. Do outro lado do muro ideológico, se lembrou
do retrato mais marcante de George W. Bush, figurino de piloto
da Força Aérea, o monólogo ensaiado da
‘missão cumprida” em um porta-aviões,
coreografia ensaiada com esmero, logo após a derrubada
de Saddam Hussein durante a invasão do Iraque. Fim
de ato.
Houve
também quem apontasse a decisão estratégica
dos Obama de prestigiar a Broadway e não uma grande
première em Hollywood. Se no cinema há uma rendição
ao escapismo nu e cru, o teatro mais comercial parece infectado
pelo vírus do debate de idéias. “Adoraria
que presidentes encontrassem tempo em sua agenda para se abrir
aos saudáveis e formativos efeitos do teatro sério.
Afinal, com a exceção de Abraham Lincoln, não
consigo me lembrar de nenhum outro. E a famosa frase de W.H.Auden
sobre a relativa incapacidade da arte de afetar nossas vidas
reais, bem, o mesmo se pode ser dito da atividade legislativa”,
escreveu o critico de teatro do Los Angeles Times, Charles
McNulty, celebrando os bons augúrios que vêm
de Midtown Manhattan.
De volta
à rua 45, Tom Kitt e Bryan Yorkey, respectivamente
música e letras de Next to Normal, concordam que este
foi o momento certo para apresentarem um espetáculo
coreografado de duas horas e meia sobre uma mulher que, além
de típica moradora do subúrbio americano, é,
também, bipolar. Eleito pelo The New York Times como
o melhor musical da temporada, Next to Normal tem direção
de Michael Greiff (Rent, Grey Gardens) e recebeu 11 indicações
para o Tony. Primeiro musical da história da Broadway
a girar em torno da psicose maníaco-depressiva, Next
to Normal foi apresentado por Ben Brantley como um mix de
telenovela com a ópera-rock Tommy, do The Who. Espécie
de papa informal da crítica teatral em Manhattan, o
jornalista, que costuma ser econômico em seus elogios,
também escreveu que “este corajoso musical, que
nos tira o fôlego, não é o típico
musical que o fará sentir bem. Não, este é
um musical que o fará sentir muito”.
A scene from the Off Broadway musical "Next
to Normal"
at the Second Stage Theater.
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Esta foi,
para Kitt e Yorkey, a temporada em que a Broadway não
teve medo de buscar a emoção verdadeira. “Houve
um distanciamento da emoção sintética.
Muita gente apostou que, com a crise econômica, as platéias
buscariam um divertimento fácil. Mas as platéias
de Nova York estão respondendo com júbilo aos
shows que lidam com o real. Há até mesmo uma
busca pelo mais doloroso, pelos shows que tratam da condição
humana. Funciona como uma catarse. E eu acho o máximo”,
confessa Yorkey.
Tom Kitt
lembra que há espetáculos para todos os gostos
e, sim, claro, é possível passar uma semana
em Nova York sassaricando pela Broadway e encontrando conforto
fácil para mentes e corações. “Mas
o gratificante de se ver são espetáculos que
em outros momentos teriam maior dificuldade para encontrar
o grande público, pois giram em torno de temas mais
sérios, com a casa cheia. O que levou Next to Normal
às 11 indicações do Tony foi o desejo
da platéia de entrar noite adentro lidando com questões
de certa forma mais difíceis de serem discutidas na
forma de teatro musical”, diz.