O longa é uma adaptação de uma história
real, que aconteceu no Japão no início do século.
Hachiko é o nome de um cachorro da raça akita
que ficou famoso em todo o país depois que apareceu
em reportagens de jornais que contavam sua história
de lealdade ao seu dono, um professor da Universidade de
Tóquio. Todos os dias Hachiko acompanhava seu amigo
até a estação de trem e estava lá quando
ele voltava para casa.
A história deste cachorro virou uma lenda no Japão
e foi usada em escolas e casas para ensinar às crianças
a importância lealdade entre amigos. Serviu também
para despertar no país uma onda de criações
de akitas, raça pura japonesa que estava cada vez
menos popular. Há hoje na estação de
Shibuya uma estátua de Hachiko, no lugar onde ele
ficava esperando seu dono voltar.
Hachiko: A Dog's Tale
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Na versão estadunidense da história, Hachiko
continua sendo um akita. Ele é achado quando ainda é um
filhote em uma estação na periferia de Nova
York pelo professor universitário Parker Wilson (Richard
Gere), que o leva para casa. No início, sua esposa
(Joan Allen) se recusa a adotar o novo morador, mas é tocada
pela cativante relação entre os dois.
Um personagem que faz a ponte entre as duas
versões
explicando um pouco da mentalidade e crenças japonesas é o
também professor universitário
Ken (Cary-Hiroyuki Tagawa). Ele explica ao amigo que talvez
não tenha sido ele quem achou Hachiko, mas sim que
o cão o escolheu como seu dono. É ele também
que explica que "hachi" é o numeral japonês
para oito, um número especial, que simboliza a ligação
entre os planos terrenos e espirituais.
Hachiko: A Dog's Tale
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A direção do sueco Lasse Hällstrom (Regras
da Vida, Chocolate, O Vigarista do Ano) carrega no drama,
incorporando elementos tipicamente ocidentais que certamente
não estiveram na versão japonesa do filme,
Hachiko Monogatari, sucesso de 1987.
Hachiko - A Dog's Story
EUA , 2009 - 93
Drama
Direção:
Lasse Hallström
Roteiro:
Stephen P. Lindsey
Elenco:
Richard Gere, Joan Allen, Cary-Hiroyuki Tagawa, Sarah Roemer,
Jason Alexander, Erick Avar
A história de Hachi
Em 1924, um filhote de akita foi levado a
Tóquio
pelo seu dono, Hidesaburo Ueno, um professor do departamento
de
agricultura
da Universidade de Tóquio. O professor Ueno, que sempre
foi um amante de cães, nomeou-o Hachi (Hachiko é o
diminutivo de Hachi) e o criou como um filho.
Hachiko
acompanhava Ueno desde a porta de casa até à,
não distante, estação de trens de Shibuya,
retornando para encontrá-lo ao final do dia.
A visão
dos dois, que chegavam na estação de manhã e
voltavam para casa juntos na noite, impressionava as pessoas.
A rotina continuou até maio
do ano seguinte, quando numa tarde o professor não
retornou em seu usual trem, como de costume.
Em 21 de maio de 1925, o professor Ueno sofreu
um derrame súbito durante uma reunião do corpo docente
e morreu. A história diz que, na noite do velório,
Hachiko, que estava no jardim, quebrou as portas de vidro
da casa e fez o seu caminho para a sala onde o corpo foi
colocado, passando a noite deitado ao lado de seu mestre.
HACHIKO MONOGATARI(1987)
Outro relato conta que ao chegar a hora
de colocar vários
objetos particularmente amados pelo falecido no caixão
com o corpo, Hachi pulou dentro do caixão e tentou
resistir a todas as tentativas de removê-lo.
Depois que seu dono morreu, foi enviado para
viver com parentes do professor Ueno, que moravam em Asakusa,
no
leste de Tóquio. Mas ele fugiu várias vezes
e voltou para a casa em Shibuya, e, quando um ano se passou
e ele ainda não tinha se acostumado, foi dado ao ex-jardineiro
do professor Ueno, que conhecia Hachi desde que ele era um
filhote.
Mas Hachi
fugiu daquela casa várias vezes também.
Ao
perceber que seu antigo mestre já não morava
na casa em Shibuya, Hachiko ía todos os dias à estação
de Shibuya, da mesma forma como ele sempre fazia, esperando
que ele voltasse. Todo dia procurava
a figura do professor Ueno entre os passageiros. E fez
isso dia após
dia, ano após ano.
A figura permanente do cão à espera de seu
dono atraiu a atenção da população.
Muitos deles, frequentadores da estação de
Shibuya, já haviam visto Hachiko e o professor Ueno
indo e vindo diariamente no passado. Percebendo que o cão
esperava em vão a volta de seu mestre, ficaram tocados
e passaram, então, a trazer petiscos e comida.
Por nove anos contínuos Hachiko aparecia ao final
da tarde, precisamente no momento de desembarque do trem
na estação, na esperança de reencontrar-se
com seu dono.
Hachiko começou a ser percebido pelas
pessoas na estação de Shibuya. Naquele mesmo
ano, um dos fiéis alunos de Ueno viu o cachorro na
estação e o seguiu até a residência
dos Kobayashi, onde conheceu a história da vida de
Hachiko. Coincidentemente o aluno era um pesquisador da raça
Akita e, logo após seu encontro com Hachiko, publicou
um censo de Akitas no Japão.
Na época, havia
apenas 30 akitas puro-sangue restantes no país, incluindo
o Hachiko da estação de Shibuya. O antigo aluno
do professor Ueno retornou frequentemente para visitar o
cachorro e durante muitos anos publicou diversos artigos
sobre a marcante lealdade do animal.
Sua história foi enviada para o Asahi Shinbun, um
dos principais jornais do país, onde foi publicada
em setembro de 1932. O escritor tinha interesse em Hachiko
e, prontamente, enviou fotografias e detalhes sobre ele para
uma revista especializada em cães japoneses. Uma foto
de Hachiko tinha também aparecido em uma enciclopédia
sobre cães, publicada no exterior.
No entanto, quando
um grande jornal nacional assumiu a história de Hachiko,
todo o povo japonês soube sobre ele e se tornou uma
espécie de celebridade, uma sensação
nacional.
Hachiko of later years
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Sua devoção se tornou
modelo de dedicação à memória
da família. Pais e professores usavam Hachiko como
exemplo para educar crianças.
A fama repentina de Hachiko fez pouca diferença para
a sua vida. Todo dia, ele partia para a estação
de Shibuya e esperava lá pelo professor. Em 1929,
Hachiko contraiu um caso grave de sarna, que quase o matou.
Devido
aos anos passados nas
ruas, ele estava magro e com feridas das brigas com outros
cães. Uma de suas orelhas já não se
levantava mais, e ele já estava com uma aparência
miserável, não parecendo mais com o belo cachorro
que outrora fora.
Com o envelhecimento, tornou-se muito
fraco e sofria de dirofilariose, um verme que ataca o coração.
Na madrugada de 8 de março de 1934, com idade de 11
anos, ele deu seu último suspiro em uma rua lateral à estação
de Shibuya.
A morte de Hachiko estampou as primeiras
páginas
dos principais jornais japoneses e muitas pessoas ficaram
inconsoláveis com a notícia. Um dia de luto
foi declarado.
Hachiko: A Dog's Tale
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Seus ossos foram enterrados em um canto da
sepultura do professor Ueno (no Cemitério Aoyama, Minami-Aoyama,
Minato-ku, Tóquio), para que ele finalmente se reencontrasse
com o mestre. Sua
pele foi preservada e uma figura empalhada de Hachiko pode
ainda ser vista no Museu Nacional de Ciências em Ueno.