SÃO PAULO - O ano é 2003 e Marcus
Wright (Sam Worthington) foi condenado à morte. No
mesmo ano, a franquia "O Exterminador do Futuro"
parece ter recebido a mesma sentença ao chegar ao terceiro
longa. Eis que, alguns anos depois -- a série em 2009,
o personagem em 2018 -- os dois voltam à vida em "O
Exterminador do Futuro: Salvação", que
estreou em cópias legendadas e dubladas no Brasil ontem,
sexta-feira, 5 de junho.
Exterminator
Salvation
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Todo o trabalho que a família Connor
teve ao longo dos três filmes parece ter sido em vão.
Eles tentaram evitar que as máquinas dominassem o mundo,
mas eis que o quarto capitulo começa exatamente num
futuro pós-apocalíptico, onde máquinas
mandam e desmandam, os humanos vivem refugiados. É
um cenário árido e desolador, que muitas vezes
parece inspirado no premiado romance "A Estrada",
de Cormac McCarthy -- que já foi filmado e em breve
chega aos cinemas.
É nesse mundo que Marcus acorda, sem,
ao menos, saber quem é. Desde o último filme,
a Skynet, uma rede de inteligência, se tornou autossuficiente
e responsável por um holocausto nuclear que transformou
a terra nesse ambiente inóspito, onde ciborgues destroem
humanos. John Connor (Christian Bale) se tornou uma espécie
de Messias ao prever isso e alertar a humanidade. Liderando
a resistência e ouvindo gravações deixadas
por sua mãe (vivida por Linda Hamilton no primeiro
filme), Connor coordena um exército que tenta derrotar
as máquinas.
Exterminator
Salvation
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Como no novo "Star Trek", viagem
no tempo também faz parte de "O Exterminador do
Futuro: Salvação". Há um humano
em especial que Connor precisa salvar. Kyle Reese (Anton Yelchin),
seu pai, que viajou para o futuro, e cuja vida está
em risco. Se ele morrer, Connor não nascerá
e a humanidade perderá sua única esperança.
Soa complicado? Nenhum pouco. A lógica
nunca foi quesito obrigatório nesse tipo de fantasia
-- uma alegoria sobre a desumanização dos homens
na medida em que a tecnologia ganha cada vez mais força.
Se toda a trama de Connor liderando a humanidade e combatendo
máquinas não traz nenhum frescor, este vem do
personagem Marcus e seu intérprete, que roubam o filme.
Pobre Bale. Deveria tentar um monólogo
para não correr o risco de perder seus filmes para
coadjuvantes. Se em "Batman - O Cavaleiro das Trevas"
ele virou assessório para Heath Ledger, aqui ele perde
as atenções para Worthington cujo personagem
atormentado é muito mais interessante, vivido pelo
ator muito mais talentoso, capaz de realmente interpretar
algo, e não apenas fazer voz rouca.
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Salvation
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Boa parte do mérito de "O Exterminador
do Futuro: A Salvação" vem da direção
precisa de McG, que estreou com "As Panteras" (2000),
uma mistura de comédia com cultura pop, sem um pingo
de massa cinzenta, mas muita diversão. Aqui, ele parece
conhecer suas virtudes e riscos, e nunca vai além de
onde está seguro. Esta é, antes de mais nada,
uma ficção científica de ação,
e o diretor sabe que explosões e efeitos exagerados
não são necessariamente sinônimo de aventura,
por isso acerta ao manter o filme o mais low profile possível
-- o horror vem da expressão de medo e terror dos humanos.
Com uma fotografia em tons de cinza e banhada por uma luz
solar sob a qual qualquer grão de poeira se destaca,
é no campo visual que o longa encontra sua força.
Ao contrário da moda atual, o longa
não começa a série do zero, ignorando
os outros filmes, mas traz novamente à vida personagens
e até falas dos filmes originais. "O Exterminador
do Futuro: A Salvação" cumpre exatamente
o que promete. Sem as pretensões de "X-Men Origens:
Wolverine" ou a pseudo-intelectualidade de "Star
Trek", o filme de McG, assim como a série toda,
aponta que somos vítimas de nossa própria ganância
tecnológica.
Trailer
McG
O diretor
McG estreou como diretor de cinema na direção
do longa-metragem de ação As Panteras (Charlie's
Angels), estrelado por Drew Barrymore, Cameron Diaz e Lucy
Liu. Lançado em novembro de 2000, o filme abocanhou
o primeiro lugar nas bilheterias no seu fim de semana de lançamento,
arrecadando mais de US$40 milhões nos EUA e se tornando
a estreia diretorial de maior faturamento da história
do cinema. Também estreou em 1º lugar em 31 países,
somando um faturamento global superior a US$260 milhões
de dólares. McG também dirigiu a sequência
de 2003, As Panteras - Detonando (Charlie's Angels: Full Throttle),
cujo elenco reuniu Barrymore, Diaz e Liu e incluiu Demi Moore.
Após
seu sucesso nas bilheterias, McG fundou a Wonderland Sound
and Vision, uma produtora com contratos ligados ao cinema
e à televisão com a Warner Bros. Durante a gestão
de McG, a Wonderland Sound and Vision passou de uma simples
produtora a uma entidade polivalente de mídia que dita
tendências no modo como o conteúdo é produzido
e disponibilizado.
Em 2006,
McG dirigiu o drama verídico, Somos Marshall (We Are
Marshall), estrelado por Matthew McConaughey, Matthew Fox
e David Strathairn. O filme conta a história trágica,
porém inspiradora, dos acontecimentos que se seguem
à trágica queda do avião que tirou as
vidas de toda a equipe de futebol americano da Marshall University
e do técnico que conseguiu motivar o seu novo time
não apenas a jogar, mas a vencer.
O próximo
projeto de McG será dirigir 20,000 Leagues Under the
Sea: Captain Nemo, a refilmagem da aventura clássica
de ficção científica de Jules Verne,
20.000 Léguas Submarinas. Atualmente, desenvolve também
a versão cinematográfica do musical premiado
com o Tony, Spring Awakening. Sob o seu selo da Wonderland
Sound and Vison, McG tem inúmeros outros projetos em
diversas fases de desenvolvimento, incluindo Fantasyland,
sobre a obsessão dos jogadores de esportes de fantasia,
a ser dirigido por Stephen Palgon; Dead Spy Running, um thriller
de espionagem baseado no livro de Jon Stock, adaptado por
Stephen Gaghan; Maintenance, uma comédia de ação
baseada no gibi sobre dois faxineiros que precisam limpar
a bagunça dos seus chefes megalomaníacos para
salvar o mundo; e I Am a Genius of Unspeakable Evil, uma comédia
sobre um menino-prodígio de 12 anos capaz de controlar
o mundo, mas que sofre tentando chegar à presidência
da sua turma.
McG produziu
o popular seriado da Fox, The O.C.; Chuck, para a NBC; e Supernatural
e Pussycat Dolls Present: The Search for the Next Doll para
o CW. Além disso, a Wonderland lançou as trilhas
Music from The O.C., cujas vendagens ultrapassaram 1 milhão
de cópias.
Natural
de Kalamazoo, Michigan, cresceu em Newport Beach, Califórnia.
Começou sua carreira dirigindo campanhas incrivelmente
populares da The Gap e da Coca Cola. McG também dirigiu
mais de 50 videoclipes, de artistas os mais diversos como
Sublime e Wyclef Jean. Seus videoclipes contribuíram
para alavancar as vendas de mais de 100 milhões de
álbuns em todo o mundo