
Uma
das mais famosas, cintilantes e belas atrizes da época
de ouro de Hollywood. Um mito que é umas das
maiores estrelas do cinema em todos os tempos.
Nascida
Greta Lovisa Gustafsson em uma família operária
em 1905, a atriz cresceu em um pequeno apartamento em
Estocolmo. Entrou para a escola de teatro da Royal Dramatic
Theatre em 1922.
Em
1923, com 17 anos, foi dirigida por Mauritz Stiller,
que a descobriu, em seu primeiro filme dramático.
Ao completar 18 anos mudou seu nome para Greta Garbo.
Ela chamou a atenção do expressionista
alemão G. W. Pabst, que a levou para filmar "Rua
das Lágrimas" (Die Freundlöse Gasse),
uma obra referencial do cinema mudo. A trama de "Rua
das Lágrimas" se passa na Viena de 1920
e mostra o drama de uma jovem (Greta Garbo) que se vê
obrigada a ligar-se a uma cafetina (Asta Nielsen) para
alimentar a família. Inspirado em reportagens
de imprensa e nas experiências vividas pelo diretor
em Viena, este foi o filme que impôs o nome de
Pabst no panorama cinematográfico e orientou
os movimentos do Kammerspiel e do expressionismo para
os temas sociais e cotidianos.

The Joyless Street (1925)
O
sucesso internacional de Rua das Lágrimas está
creditado à verdade com que mostrava o pós-guerra
na Europa Central, após a derrota austro-alemã:
a inflação galopante, a burguesia de repente
arruinada, a terrível miséria, as filas
diante dos açougues, o mercado negro e a especulação.
Celebrado
em seu tempo como o maior realizador do cinema alemão,
G. W. Pabst não adaptou-se a Hollywood, onde
fez dois filmes na década de 30.

Garbo
e Stiller, foram juntos para Hollywood em 1925, contratados
por Louis B. Mayer, da MGM.
Era
uma moça de grande beleza não lapidada
(bem gordinha, aliás), ao chegar a Hollywood.
Foi “reformatada” (tinha dentes tortos também)
pela Metro. Com atos e perguntas ingênuos, que
despertavam risadas, falando Inglês com dificuldade,
simplória como uma camponesa sueca sob muitos
aspectos, ficou isolada em Hollywood, detestando o sol
e o calor da Califórnia, morrendo de saudades
da Suécia.
Mauritz
Stiller, o diretor que a levou, era um homem famoso
na Europa e não gostou do sistema americano,
pois os produtores não simpatizaram com seu excesso
de ego. Resultado: acabou voltando para a Suécia
sem fazer filme algum e morreu esquecido. Sem seu mentor,
solitária, Garbo ficou em Hollywood como um alienígena
perdido em planeta estranho e foi obrigada a construir
sua carreira com dramalhões.
Em
1926, conquistou o público com seu primeiro filme
americano "The Torrent".
Ela
detestava tudo aquilo e, forçada a adaptar-se
aos modelos publicitários dos estúdios
da Metro, foi aos poucos rebelando-se contra toda
aquela hipocrisia puritana, alimentada por fuxicos
sádicos. Recolhia-se, esquivava-se. Como
tornou-se um grande sucesso, aprendeu a fazer as
coisas à sua maneira e a impor seu temperamento
difícil. A “griffe” Garbo, no
final dos anos 20 e nos anos 30, passou a incluir
a recusa obstinada à publicidade. Mas, ela
estava envolvida em contradições insolucionáveis
– ser uma estrela de cinema amada pelo mundo
inteiro e ao mesmo tempo uma eremita é coisa
para enlouquecer. |

The Torrent (1926). Costume by Max
Ree |

Viveu
a transição do filme mudo para o sonoro,
no final dos anos 20. Em fevereiro de 1930, Garbo pela
primeira vez, exibe sua voz em um filme falado - "Ana
Christie". Os produtores temiam que seu forte sotaque
sueco prejudicasse sua atuação quando
a era dos filmes falados começou. Mas a carreira
de Garbo floresceu.
Era
para a câmera que ela reservava o melhor de si.
Normalmente entediada, no set de filmagem se transformava.
Inclinações da cabeça, olhares,
a curvatura do queixo e aquele andar que exibia o corpo
andrógino eram o seu elo de comunicação
com o mundo. Internacionalmente popular na década
1930, Garbo tornou-se referencia de moda e criou um
novo tipo de glamour: uma combinação de
sensualidade e mistério.
A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada
e esportiva. Tinha o modelo de beleza em Garbo. Seu
visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras
marcadas com lápis e pó de arroz bem claro,
foi muito imitado pelas mulheres. A atriz era, para
os homens, a mais enigmática das sedutoras –
e, para as mulheres, uma personalidade segura e altiva.
A
Metro inventou que tinha um caso com o galã John
Gilbert, mas Garbo era avessa ao casamento, avessa a
ligações, e sempre foi assim. Os casos
mais ou menos públicos que teve foram célebres
– com o maestro Leopold Stokowski e com o fotógrafo
Cecil Beaton.
Beaton
foi oportunista com ela, mais que a amou: fotografou-a
e divulgou fotos sem a sua aprovação.
Ela nunca o perdoou por isso. Traiu-a no que mais prezava:
sua privacidade, a divulgação de sua imagem
não-pública.
Garbo
foi estrela máxima nos Estados Unidos na década
de 30. Foi a primeira atriz a impor suas condições
aos estúdios, aos quais ameaçava, em caso
de desacordo, voltar para a Suécia.
Em
relação
aos filmes, alguém escreveu que Garbo passava
por eles como uma condessa fazendo visita a uma favela.
E é verdade, a maior parte eram filmes comerciais
sem valor artístico, centrados nela que era a
arte em si. Embalados pela música de um certo
Herbert Stothart, compositor da Metro que roubava escandalosamente
melodias de Tchaicovksy. Seus galãs foram, no
mais das vezes, atores fracos, quando não canastrões
inaceitáveis. As grandes obras em que atuou nesse
período foram "Grand Hotel", “Rainha
Cristina”, em que está soberba, “Ninotchka”,
“A Dama das Camélias”, que ajustavam-se
feito luva à sua personalidade. Há também
a sua interpretação marcante para a heroína
de Tolstoi em “Ana Karenina”, em que parece
amar mais o filho que o amante (o conde Vronski, vivido
por Fredric March). Teria sido uma Ema Bovary perfeita,
mas, quando Hollywood lembrou-se de filmar a heroína
de Flaubert, confiou-a a Jennifer Jones num filme de
Vincent Minnelli que ficou esquecido.
Com
apenas 35 anos, na flor da idade, ainda detentora
de toda a sua invejável beleza e talento,
Garbo retira-se logo após a conclusão
de "A Mulher de Duas Caras" (1941), sob
a direção de George Cuko. Contra todas
as expectativas, Garbo declarou que se ia afastar
do cinema. E assim foi, vindo a falecer em 1990
sem nunca voltar a participar de um filme. Mais
do que isso: passou a levar uma existência
"escondida" da mídia e definitivamente
distante dos circuitos de Hollywood e da indústria
cinematográfica, em geral. |
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Em
1954, foi premiada com um Oscar pelo conjunto de sua
carreira.

Quando
se afastou do cinema, era já uma mulher muito
rica (e com fama de sovina). Aí, afastada da
tela, Garbo reassume, na verdade, uma personalidade
banal superestimada pelo fato de ser uma reclusa, de
ter sido quem foi. Volta e meia ameaça voltar
às telas com roteiros que lhe são oferecidos
por dezenas de diretores e produtores que a veneram,
mas não volta. Dedica-se aos amigos (muito ricos,
em geral) e a uma vida em fuga aos repórteres,
fãs, revistas, jornais, televisões –
sempre apavorada com ser reconhecida, multiplicando
pseudônimos, arranjando endereços e números
de telefone a que raríssimos tiveram acesso.
Passará a sua vida, envelhecerá, como
uma criatura “à deriva” (ela mesma
dizia isso), contando com a cumplicidade dos amigos
milionários para continuar esquiva, escondendo-se
na Suiça, andando pelas ruas de Nova York como
uma transeunte comum, debaixo de roupas sem graça
e óculos escuros.
Saía
de casa em Nova York e se punha a seguir qualquer
pessoa desconhecida na multidão, indo onde
a tal pessoa escolhida fosse, apenas para fazer
de conta que possuía um objetivo, um rumo,
confundindo-se com uma humanidade de que sempre
procurou ficar distante.
Nessas
perambulações, era reconhecida por
muita gente – outros famosos, como o escritor
Truman Capote, faziam parte de um grupo informalmente
conhecido como os “Vigilantes de Garbo”.
Que procuravam proteger a solidão de um
mito das implacáveis investidas e da curiosidade
estúpida do mundo. |

Garbo window shopping in New York
City (1985) |
Foi vítima de uma idolatria que sufoca, que interroga
desesperadamente, que quer entrar em todos os poros
do idolatrado. Não deixando um respiradouro para
o ser humano, para a pessoa assustada e frágil
que pode existir por debaixo do mito.
Garbo
parecia patologicamente sensível aos terrores
da superexposição, e, mesmo com uma vaidade
humanamente compreensível, nunca se reconciliou
com os preços concretos e inevitáveis
decorrentes da fama. Sofreu com essa situação
mais que qualquer outra estrela que se conheça,
pois foi a mais famosa de todas. Esse é seu maior
enigma, e parece uma brincadeira particularmente cruel
do Destino que uma mulher tão fóbica a
essas coisas tenha se tornado a criatura mais famosa
(e exposta) do planeta.
Continua
rainha de um tempo perdido cuja magia, desgraçadamente,
já nem encontra lugar na imaginação
de muitos espectadores contemporâneos.

Garbo
esta na galeria dos artistas mais cobiçados por
colecionadores. Em DVD, por exemplo, existe nos mercados
internacionais uma caixa da Warner com dez dos seus
títulos, incluindo os obrigatórios "A
Rainha Cristina" (1933), de Ruben Mamoulian, "Ana
Karenina" (1935), de Clarence Brown, "A Dama
das Camélias" (1937), de George Cukor, e,
claro, esse genial “desvio” cómico
que é "Ninotchka" (1939), de Ernst
Lubitsch.
Filmografia
- clique aqui

Fontes
: BBC Brasil, Cinema 2000, Cronópios ( Chico
Lopez ), Wikipedia, Solymar, Folha Online e Revista
Quem |