Elizabeth
Jobim: Endless Lines
Elizabeth
expõe Endless Lines na Lehman Colleg Art Gallery,
em Nova Iorque de 07 de outubro a 15 de dezembro. Linhas contínuas
estão desenhadas nas telas que possuem dois metros
de altura e larguras variadas.
Onde começa
e onde termina a obra? Há ponto de partida ou ponto
final? Um fluxo intermitente de linhas e volumes azuis toma
os espaços brancos das telas. Aos poucos se apropriam
do espaço ao redor e criam um ambiente arquitetônico.
Corte e continuidade, fluxo e interrupção, moradas
parciais e ninhos, espaços dormentes e ativados criados
por linhas que avançam continuamente, entrando de uma
tela para a outra. A obra de Elizabeth Jobim está em
processo continuo, em fluxo permanente, sempre a se desdobrar
em novas formas. Estabelece conexões de um painel ao
seguinte ou rupturas e separações repentinas.

Sem título,
2007, óleo sobre tela, 140 x 380 cm
clique na imagem para amplia-la
O ponto
de partida do trabalho de Jobim está nas pedras irregulares
que ela coleta no Rio de Janeiro, sua cidade natal. A artista
cria pequenos desenhos volumétricos baseados na forma
e na aparência das pedras. Estes desenhos, ao olhar
cuidadoso, revelam o princípio de compreensão
da gênese de suas telas de grande porte. Suas linhas
se combinam de um painel ao outro em uma série de superfícies
quadradas e retangulares, cobrindo as paredes da galeria. O trabalho se renova constantemente
e gera diversos padrões e configurações.
Na pintura-instalação de Elizabeth Jobim, a
ordem dos painéis pode ser alterada de forma a compor
diferentes narrativas. É um trabalho onde as partes
se conectam umas com as outras para criar o todo. Retas se
transmutam em formas volumétricas ou retornam ao seu
estado original.
As linhas
traçadas por Elizabeth Jobim são tão
ousadas como incertas; retas e contorcidas, firmes e intermitentes,
finas e largas, planas e volumosas. É como se procurassem
vencer obstáculos para adentrar espaços. Aparentam
se basear em abstrações geométricas,
mas têm, no entanto, suas raízes na figuração
.
Fundamentada
na sólida tradição latino-americana da
abstração geométrica, Elizabeth Jobim
subverte o modo com que os artistas das décadas de
40, 50 e 60 empregavam linhas e volumes – como expressão
lógica, racional e semi-científica do desejo
utópico pela tecnologia e a industrialização.

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Diferentemente
da obra dos concretistas brasileiros, cuja abstração
geométrica era predominantemente um jogo conceitual
de organização de formas no espaço, as
formas de Jobim são, na verdade, baseadas em naturezas
mortas. Suas telas jogam com o ato de revelar e ocultar, entre
a abstração e a figuração.
Em suas
telas, Jobim remete às grandes colagens de Henri Matisse,
mais especialmente a sua instalação arquitetônica
‘La Piscine’ (verão de 1952) com sua composição
simplificada de grandes espaços, e figuras marcantes
semi-abstratas em recortes azuis feitos à mão
livre.
Jobim
emprega azul ultramar e aplica a tinta a óleo com rolos
à moda dos pintores de parede, cobrindo suas telas
de forma desigual, criando pontos e manchas que ativam o branco
ao fundo através da luminosidade e transparência
do azul.
A obra
de Jobim evoca as telas monocromáticas de Yves Klein
com seu azul característico (que ele patenteou como
o International Klein Blue), e sua ligação com
o transcendental, a imaterialidade e a espiritualidade. As
instalações arquitetônicas de Jobim lembram
templos de meditação modernos. A tranqüilidade
de seus espaços internos e a energia com que eles impregnam
o espaço ao redor de si são inseparáveis
e interdependentes.

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Ao impregnar
o espaço através do azul ultramar, a obra remete
ao uso que Hélio Oiticica fazia da cor. Como Oiticica
escreveu na década de 60, ele procurava liberar a cor
de seu suporte pictórico, sem amarras no espaço.
Oiticica criava ambientes sensoriais nos quais a experiência
do observador não se limitava às suas retinas,
mas propiciava uma relação mais corpórea
com a cor. Jobim também conjuga uma percepção
da cor que transborda as limitações da fisicalidade
e da moldura pictórica, submerge o espectador no azul.
Ao adentrarmos o espaço, somos arrebatados para dentro
da instalação, absortos pelo seu fluxo elegante
de formas e linhas.
Filha
de Antonio Carlos Jobim – pai da Bossa Nova –
Elizabeth Jobim demonstra a influência da música
e suas conexões com tempo, intervalos e composição.
Sua obra joga com continuidade e disrupções,
como notas musicais arranjadas no tempo, que tropeçam,
gaguejam, se perdem e se reencontram repetidamente. Nesse
jogo sem fim – sem um final definido, nem um ponto de
partida isolado - as linhas seguem dançando , vibrando
em azul, ao passo de sua própria cadência.
Formada
em comunicação visual na PUC-RIO e especializada
em história da arte e da arquitetura no Brasil. Começou
a expor nos anos 80, tendo participado das exposições
Como vai você, geração 80?,
em 1984 e Rio Hoje, em 1989. De 1990 a 1992, faz
mestrado em belas-artes, na School of Visual Arts de Nova
York.

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Where
does the work start and where does it end? Is there a beginning
or a finishing point? An intermittent flow of blue lines and
volumes takes over the white spaces of the canvases. Little
by little they engulf their surroundings to create an architectural
environment. Cut and continuity, flow and interruption, partial
dwellings and total nests, restful and activated spaces made
out of lines that continually advance and intrude from canvas
to canvas. Elizabeth Jobim’s work is in a state of process,
in a permanent flux, always unfolding into new forms, either
connecting one panel to the next or suddenly breaking them
apart.
Jobim’s
point of departure is irregular stones that she finds in the
streets of her native city, Rio de Janeiro. Based on the appearance
and shapes of the stones, she then creates small volumetric
drawings. Upon close observation of these sketches, one begins
to understand how the large-scale canvases take their form.
Her lines blend from one panel into the next in a row of square
and rectangular surfaces that cover the walls of the galleries,
both in Rio de Janeiro and in New York. The work is in continual
renewal generating different patterns and configurations.
In Jobim’s painting-installation, the order of the canvases
can be shuffled to allow different narratives. The work is
made of parts that connect to other parts to create the whole.
A straight line can transform itself into a volumetric shape
or return to its linear primal state.
Jobim’s
lines are confident and uncertain at the same time. They can
be straight and contorted, firm and staggering, thick and
thin, flat and volumetric. This is as though they are overcoming
obstacles in trying to find their way into the space. They
seem to be based on geometric abstraction. Nevertheless, they
are deeply rooted in figuration.

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Coming
out of the solid Latin American tradition of geometric abstraction,
Jobim subverts the way in which line and volume have been
used by artists from the 1940s, 1950s and 1960s--as a logical,
rational, mathematical and quasi-scientific way to convey
a utopian longing for technology and industrialization. Different
from the works generated by the Concrete artists from Brazil,
where geometric abstraction was predominantly a conceptual
game of forms organized in space, Jobim’s shapes are
in reality still-life-based. Her canvases are a play of stripping
and veiling between abstraction and figuration.
Jobim’s
work alludes to the large-scale cut-outs by Henri Matisse,
especially his architectural installation piece Swimming Pool
(summer 1952), with its expansive simplified design, as well
as semi-abstract and compelling figuration, in blue freehand
cutouts.
Through
the useof ultramarine blue oil paint--applied with rollers,
like the work of a wall painter—Jobim’s canvases
are unevenly painted, creating spots and stains that activate
the whiteness of the background through the luminosity and
transparency of the blue.

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Her work
invokes Yves Klein’s monochromatic canvases made of
his trademark and patented blue (International Klein Blue),
and its connection to transcendence, immateriality, and spirituality.
Jobim’s architectural installations are reminiscent
of modern temples of meditation. The calmness of their inner
space and the energy with which they suffuse the surrounding
space are inseparable and interdependent.
Her encompassing
use of the ultramarine blue fully impregnates the space, bringing
to mind Hélio Oiticica’s use of color. As he
wrote in the 1960s, Oiticica wanted to release color from
its pictorial support, liberating it into the space. He created
sensorial environments in which the viewer would no longer
have a solely retinal experience, but could engage with color
in a more corporeal way. Jobim also conflates a sense of color
that escapes the limitations of the physical, and of the pictorial
frame, immersing the viewer in its “blueness.”
The moment we enter the space, we are caught inside the installation
and immersed in its elegant flow of shapes and lines.
The daughter
of Antonio Carlos Jobim—the father of Brazilian Bossa
Nova—Elizabeth Jobim is influenced by music and its
connections to time, intervals, and composition. Her work
creates a play of continuity and disruption, like musical
notes arranged on time. They stumble and stutter, lose and
find themselves over and over again. In this endless game--with
no specific beginning or clear end--, the lines keep on dancing
and vibrating in blue at the pace of their own cadence.

Lehman
College Art Gallery
250 Bedford Park Boulevard West (Bedford Park)
Bronx, NY 10468 United States
Tel. +1 (718) 960-8731
Fax . +1 (718) 960-6991
http://www.lehman.edu/gallery
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Fontes: Claudia Calirman http://www.lehman.cuny.edu/vpadvance/artgallery/gallery;
Ministério da Cultura Brasil; photographs by Aracelis
Diamantis
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