"Impression:
Soleil Levant" |
Claude
Monet (1840-1926) é considerado um dos nomes mais importantes
da pintura mundial. Ao lado de Paul Cézanne (1839-1906),
valorizou a pintura de paisagens, conferindo a elas a mesma
importância dos gêneros nobres, os retratos e
as cenas históricas. Para ter uma idéia da dimensão
revolucionária de seu trabalho, desde o Renascimento
o tema central da pintura era a figura humana.
Nasceu
em Paris, mas desenvolveu seu gosto pela arte em Le Havre,
onde morava com a família desde os cinco anos de idade.
Durante a adolescência, ganhou fama como caricaturista.
Em
1855, encontra o pintor de marinhas Eugène Boudin,
que o convence a pintar e desenhar ao ar livre. Tem início,
assim, um percurso artístico que fará dele um
dos pais da pintura moderna. A linguagem visual de Monet abriu
caminho para a pintura gestual, para o "informal"
e a ação. Monet morreu em Giverny, aos 86 anos
de idade.
Atualmente,
a maioria de suas obras está na França e nos
EUA. Em Paris, pode-se ter uma visão de conjunto da
sua produção no Museu d'Orsay e no Museu Marmottan.
Neste último, encontra-se a tela famosa que deu nome
ao Impressionismo: "Impression - Soleil Levant",
de 1872

A
Impressão do Sol Nascente (1874) é
na realidade, uma vista do Porto de Havre; os barcos e as
fumaradas das indústrias misturam-se com a neblina
matinal. O Sol nasce e, por conseguinte, a luz.
"Impressiona"
a paisagem (não detalhada), num movimento rápido
e fugaz. A pincelada é rápida, as formas diluem-se
na luz. O assunto do quadro - os barcos - , não é,
uma vez mais, que pretexto de efeitos de luz. Muito embora
os impressionistas estejam cada vez mais presentes nos salões
parisienses, a partir de 1874, "A Impressão do
Sol Nascente" é, inicialmente, mal acolhida pela
crítica. Reprova-se então, em Monet, a ausência
de assunto (a mesma crítica foi feita antes na comparação
de Turner, no qual, aliás, se inspira Monet) assim
como a sua pincelada escandalosa. Alguns falam da obra como
uma tela "inacabada", "negligenciada".
Através
desse quadro Monet teria manipulado complexos sistemas visuais
que até hoje ainda não são completamente
compreendidos pela ciência.
A
explicação foi dada pela neurocientista americana
Margaret Livingstone, da Faculdade de Medicina da Universidade
de Harvard, no encontro anual da Associação
Americana para o Progresso da Ciência, em Dever, nos
EUA.
Segundo
seu estudo, o sol do famoso quadro é tão brilhante
quanto o escuro céu que o cerca.
"A
razão disso é que, na versão colorida
do quadro, o sol é interpretado como um tipo de brilho.
É tão resplandecente porque há uma desconexão
no nosso sistema visual entre os caminhos da cor e do brilho",
explica Margaret.
O
brilho se refere à quantidade de luz presente em algo,
independentemente da cor. É equivalente a se ver algo
em preto e branco, na escala de cinza. No caso da tela de
Monet, se ela for observada em preto e branco, o sol simplesmente
desaparece no céu.
Parte
do sistema visual humano tem o mesmo modo de enxergar da maioria
dos mamíferos, como cães e gatos. Os mamíferos
podem ver em três dimensões e reconhecem as objetos
que se movem.
Porém,
como todos os primatas, o ser humano também tem um
sistema de reconhecimento dos objetos que enxerga cores, reconhece
rostos e avalia o ambiente no qual está inserido. Estas
duas partes da visão são, às vezes, chamadas
de sistemas "onde' e "o quê".
Pela
forte carga de poesia da obra, ela ainda arrebata cada observador
através de sua dimensão singular de cores e
de luzes.
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Fontes
:
Folha Online, Jornal da Ciência, Universidade de Coimbra
e Dilberto
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