Grandes
Albuns II

The Doors (1967) - The Doors
A
profunda influência exercida pelo The Doors no amadurecimento
do rock dos anos 60 pode ser atribuída não apenas
ao vocal apaixonante, à poesia sombria e ao carisma
pessoal de Jim Morrison, mas também a integração
certeira entre o teclado de Ray Manzarek, a guitarra de Robby
Krieger e a bateria de John Densmore. Morrison era a cara
do grupo(quase que literalmente na capa do disco, a foto de
Guy Webster reduz os outros integrantes a meros satélites),
mas o impacto deste álbum está efetivamente
na interação entre os quatro músicos.
O The Doors reuniu uma rica variedade
de estilos – incluindo rock, blues, jazz e flamenco.
A faixa de abertura, “Break On Through”, é
um apelo apaixonado à geração psicodélica,
enquanto a hipnótica “Soul Kitchen” apresenta
mudanças sutis na dinâmica da música,
o que se tornaria uma característica do grupo. “The
Crystal Ship” mostra o lado crooner de Morrison (Sinatra
era um de seus ídolos), em contraste com o trabalho
fascinante de Manzarek no teclado. De fato, o The Doors estava
tão seguro de sua competência musical que as
versões de “Alabama Song”, de Brecht/Weill,
e do blues “Back Door Man” parecem originais.
As duas faixas mais longas fizeram
a fama da banda (e ajudaram o disco a chegar ao segundo lugar
nas paradas americanas). “Light My Fire”, uma
das músicas mais reinterpretadas do grupo(chegou ao
primeiro lugar nos Estados Unidos, numa versão editada),
é um glorioso hino com influências jazzísticas,
ao desejo sexual. Mas é com “The End” que
o ethos do The Doors chega à plenitude – um épico
edipiano de luxúria e morte, com 11 minutos de duração,
no qual o grupo oferece um surpreendente contraste polimórfico
à narrativa cativante de Morrison. O rock teatro começa
aqui!

A Love Supreme - John Coltrane
John Coltrane é o saxtenorista
mais cultuado do jazz. Em 1960, após deixar o conjunto
de Miles Davis, Coltrane iniciou uma nova fase, liderando
um quarteto com McCoy Tyner ao piano, Jimmy Garrison ao contrabaixo
e Elvin Jones à bateria, começava uma ousada
e inédita exploração do espaço
sonoro jazzístico. Coltrane desenvolveu um estilo absolutamente
próprio, onde predominavam as chamadas sheets of sound
(folhas ou camadas de som), que se compunham de longas frases
de notas rápidas tocadas em legato. Coltrane embarca
numa redicalização da harmonia que o leva à
beira do atonalidade. Também fragmenta e desconstrói
os temas, deixando-os quase irreconhecíveis sob um
congestionamento de frases torturadas. A produção
do quarteto de Coltrane entre 1960 e 1965 é um marco
na história do jazz, comparável ao quinteto
de Miles.
Em 1965 o quarteto cria aquela
que é unanimemente considerada sua obra-prima, a suíte
em quatro movimentos A Love Supreme
"A Love Supreme é
mais do que um disco de quatro temas; é sua homenagem
a Deus, e segundo o próprio músico, a única
vez em que conseguiu imaginar toda a música em sua
cabeça e saber exatamente o que queria."

Abraxas - Carlos Santana
Abraxas é um
daqueles momentos mágicos do rock, é uma viagem
espiritual. O álbum é excelente desde a primeira
até a última música, seja pela técnica
apurada do guitarrista, seja pela energia impressa pela percursão
de Jose Areas, Mike Carabello e Rico Reyes.
O encadeamento dos temas, é
perfeito na passagem instrumental de uns para outros.
O disco começa em tom
calmíssimo, de vagas pianísticas e som de maré,
interrompido por uma guitarra elétrica que vai apresentando
a paisagem sonora, em instrumental que adquire um ritmo de
jazz-rock, que para muitos, nunca mais foi atingido, em qualidade.

Exile On Main St. - Carlos Santana
Em 1972, saiu pela Rolling Stones
Records “O” disco desta, que sempre foi, a maior
banda de rock do mundo. “Exile on main St.” é
uma viagem a raros padrões de consciência.
Depois de uma turnê muito
lucrativa (como sempre), os Stones se exilaram na França
para fugir dos impostos britânicos e produzir o seu
próximo álbum. Foi justamente no estúdio
da casa de Keith Richards que a banda criou essa obra prima.
A inspiração foi tanta que Exile On Main Street
saiu como um disco duplo. No começo Mick Jagger ficou
preocupado, pois seria mais caro que um LP simples, mas logo
ele viu que “Exile” se tratava de um marco na
história da banda.
Parecia que os Stones tinham
voltado às raízes dos seus primeiros álbuns,
mas, por outro lado, apesar de não soar nada novo,
as músicas eram brilhantes e a energia da banda foi
capturada no estúdio. Um trabalho genial, que soa como
um disco histórico de rock, blues, soul e até
country.

The Dark Side Of The Moon - Pink Floyd
The
Dark Side of the Moon é um dos álbuns preferidos
há décadas, graças a qualidade do conjunto:
músicas, letras e produção. E na produção,
chama destaque também, sua masterização
analógica e o uso de pistas variadas nas gravações
entre outros truques, como o som "Quadrafônico",
irmão mais velho do Surround Digital (infelizmente
não utilizado oficialmente no LP), tudo orquestrado
pelo mestre de estúdio Alan Parsons no lendário
Abbey Road, em Londres. Quando se sabe que este é um
trabalho que teve "mixagens não-autorizadas",
é inevitável concluir sua relevância para
o lado de lá da mesa de som. O que hoje é feito
facilmente com processadores, VSTs e plug-ins, à época
precisava de posicionamento de microfones, ajustes finos de
impedância, reverbs de mola, pedais, múltiplas
gravações e "afinamento natural" das
vozes e, óbvio, saber tocar instrumentos.
As
letras das canções são, igualmente, um
capítulo à parte. O lirismo típico de
Waters e Gilmour vagueia por temas complexos e densos, porém,
mundanos.

Kind of Blue - Miles Davis
Obra-prima do jazz, o disco Kind
of Blue, do trompetista norte-americano Miles Davis, terá
seus 50 anos de lançamento celebrados em 17 de agosto,
mas desde já não faltam homenagens. A edição
especial do disco, recheada de material extra (dois cds, um
dvd, uma versão em vinil e livreto), chegou às
lojas brasileiras – custa quase R$ 500,00.
Considerado um dos melhores álbuns
de jazz de todos os tempos, Kind of Blue reúne
John Coltrane, Bill Evans, Cannonball Adderley, Jimmy Cobb
e outras feras em torno do mestre Miles Davis.
Fontes: 1001 discos para ouvir
antes de morrer; Whiplash, E-Jazz, Loja de Esquina, Omelete
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